A Acceptance and Commitment Therapy (ACT) ou Terapia da Aceitação e Compromisso é uma vertente terapêutica da abordagem cognitivo-comportamental da terceira onda, que tem como pilar central a prática da Atenção Plena.
O objetivo da ACT é “aumentar a flexibilidade psicológica, ou seja, a habilidade de entrar totalmente em contato com o momento presente e com as reações psicológicas que ele produz, e a partir disso, manter ou mudar o comportamento na situação de acordo com os valores que se tem.
Na abordagem da Terapia de Aceitação e Compromisso, um objetivo de vida saudável não é tanto sentir-se bem, mas sentir bem. É psicologicamente saudável ter pensamentos e sentimentos desagradáveis, além dos prazerosos, e isso nos dá pleno acesso à riqueza de nossas histórias pessoais únicas.
Segundo uma perspectiva da ACT, o sofrimento tende a ocorrer quando as pessoas acreditam tão fortemente nos conteúdos literais de sua mente que ficam fusionadas com suas cognições. Nesse estado de fusão, a pessoa não consegue distinguir entre consciência e narrativas cognitivas, já que cada pensamento e seus referentes estão fortemente ligados.
Outro processo-chave no ciclo do sofrimento é a esquiva experiencial. Ela é uma consequência imediata da fusão com instruções mentais que encorajam a supressão, o controle ou a eliminação de experiências cuja expectativa é a de que sejam estressantes.
Tanto a fusão cognitiva quanto a esquiva experiencial afetam significativamente nossa forma de ver o mundo e a nós mesmos, e consequentemente de agir.
A alternativa construtiva à fusão, proposta pela ACT, é a desfusão, e a alternativa à esquiva experiencial é a aceitação. Estes são os processos ensinados e estimulados na abordagem. À medida que essas competências são adquiridas, o próprio sentido da atenção se torna mais flexível, focado e volitivo, possibilitando que a pessoa veja melhor a si mesma e ao mundo ao redor.
Um aspecto fundamental da ACT é a noção de aceitação, definida como ação de abraçar efetivamente as experiências internas enquanto elas estão ocorrendo. A aceitação é vista como escolha e envolve uma postura acolhedora para com a experiência que está sendo vivenciada, diminuindo o esforço feito para controlá-la.
A aceitação se refere a não lutar o tempo todo contra os sentimentos aversivos que surgem, como ansiedade, raiva, frustração, e sim deixá-los surgir, observá-los e deixá-los passar, integrá-los como parte da vida, desenvolvendo uma ação mais consciente em relação a eles.
Outros aspectos fundamentais na ACT são a consciência e o compromisso. A consciência contribui para que o cliente se perceba em todas as experiências (pensamentos, sentimentos, memórias, etc.), e o compromisso o estimula a fazer o que é importante pra si e se comportar de maneira consistente com seus valores.
Em ACT técnicas de atenção plena contribuem para estimular o cliente a prestar atenção em si mesmo, e em suas experiências. A manutenção de um diário pode ajudar nesse processo. Esse treino cognitivo normalmente ajuda o cliente a colocar o “eu como contexto”. Nessa experiência o “eu" é entendido como o lugar de perspectiva que permite que eventos internos e externos sejam experimentados a partir do processo "eu/aqui/agora", sem se autodefinir.
A ACT é uma abordagem que, apesar de bastante recente, já apresenta resultados científicos comprovados. É uma das terapias cognitivas comportamentais de terceira onda cuja procura tem aumentado muito nos últimos anos.